26/11/2008

Ensaio sobre a Cegueira


Ficas com a certeza que as mulheres valem muito mais que os homens. Ficas com a impressão que irias até ao fim do mundo pela pessoa com quem queres partilhar a vida. Odeias os homens, odeias a anarquia, odeias o relativismo com que se decide que o bem comum vale mais do que o bem individual. Sentes, num espaço de minutos, o nojo que seria teres olhos quando mais ninguém tem, mas também o alívio de teres quem te siga e te corrija toda a merda que fazes. Não imaginas a dificuldade de achar normal que, no limiar da dignidade humana, sejas traída por quem deste absolutamente tudo.
Este filme é soberbamente decrépito, se é que tal coisa é possível. Senti raiva, desespero, ansiedade, admiração, alívio e medo, tudo numa enorme bola de metáforas a ultrapassarem todos os limites que o cinema tinha para mim. Lamentei particularmente a ideia de sacrifício voluntário em troca de coisa nenhuma. A capacidade das mulheres se entregarem tanto por tão pouco, sem que lhe possas chamar unicamente estupidez, amor genúino ou mesmo cegueira. Afinal de contas, não existe necessariamente um lugar para todos nós. Alguns têm de morrer porque estão a mais. Aleatoriamente. Sem justiça ou igualdade de oportunidades. E podemos perder ou ganhar apenas por sermos mulheres. Mas temos definitivamente mais a perder do que a ganhar.

3 comentários:

Filipa disse...

Belo Comentárrio priminha:)
beijis,
saudades

Anónimo disse...

minha querida baatriz...
desde sempre contigo...
as tuas palavras fazem desde ha uns anos a delicia da minha alma.
com um abraço xeio de carinho*

maria

tb disse...

talvez por isso se chame sobre a cegueira, um ensaio.
Gosto da acutilância das tuas palavras,sentires. :)
beijinho