18/03/2011

Cartas de Lille XIV

Às vezes tenho a certeza que ela tira prazer de me magoar. Que ela me vê por dentro e vê o que falta e vê onde doi. Quero sair daqui mas não consigo. Não sei o que fiz de mal, não sei o como podia ter feito melhor. Quero seguir a minha vida mas ela não me deixa. Quero poder trabalhar sem ter o expectro dela a assombrar-me. Tenho medo que ela minta aos outros a meu respeito. Que ela queime as minhas roupas. Que ela me grite. Tenho medo da minha dependência, sem que dela precise para nada. Tenho medo das represálias e tenho medo da minha passividade e da minha insegurança e do efeito surpresa. Quero a minha dignidade de volta e para isso preciso de não ter medo do barulho insurdecedor das portas que ela bate, dos silêncios que ela maneja. Por favor, meu Deus, faz com que pare. Já não tenho a outra face para dar. Aliás, nunca imaginei que tivesse tantas. Por favor, faz com que pare. Eu hoje só queria poder trabalhar, distrair-me com a meteorologia, comer bolachas a tarde toda. Eu hoje só queria paz.

2 comentários:

Misantrofiado disse...

Como contrariar a irreparabilidade dos precedentes que nós próprios abrimos?
Subitamente… e de súbito pouco tem realmente, sentimo-nos presos numa teia que, tem as nossas iniciais gravadas!

E afinal… o que quererá isso dizer?
Seremos “vítima” ou “criador”?







Quando preciso de paz, penso-a.

Him disse...

A paz é sempre conquistada (normalmente com muito sangue)!
Não tenhas medo de alguém que faz as coisas por ter medo de ser ela mesma a agredida!
És melhor do que te fazes e do que deixas ver!
A palavra que deves ter na tua mente acima de qualquer outra é DOMINAR, não os outros mas a ti mesma!