06/11/2010

Cartas de Lille VI


Estraguei tudo. A mistura do prazer mudo com a tua memória. O reggae injectado nas nossas veias. O regresso à terra. A impotência de saber exactamente o que se quer, agora sem dúvida nenhuma. Desculpa estar tão longe. Tudo isto é um labirinto de gente e eu ia bem até me perder e ficar sozinha outra vez. As guitarras calaram-se. Ficou aquele silêncio magoado do fim de uma era. Angústia, ansiedade, um eterno lamento. Sinto que uma oportunidade de uma vida me fugiu das mãos. Que a deixei cair, que a parti em demasiadas partes, que fiquei coberta com o pó, o cheiro e a cor de uma repetição de noites que eu não planeei. Foi uma miragem. Continuo eu mesma. Pacientemente deslumbrada com a mais pequena demonstração de afecto. Um corpo quente a arrefecer ideias na transparência de mais uma noite.

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