05/08/2009

Cartas de Lisboa VIII


Há momentos que não são mais do que hinos tristes à vida. Nós olhámos para os nossos quando eles choram e sabemos que a mágoa se propaga com os olhos, com a raiva que temos uns pelos outros, com o medo. Olhamos para os nossos velhos, para o destino falhado dos nossos velhos, para aquilo que eles chamam de arrependimento, para aquilo que eles chamam de desistência. As pessoas escondem-se dos acontecimentos numa concha muito própria e deixam a vida arrastar-se porque ela depende não só de amor e respeito, mas também de coisas logísticas como a coragem. Os velhos, mesmo antes de serem velhos, desistem das coisas e perdem o amor próprio. Os novos fazem a mesmíssima coisa. Ficamos todos presos uns aos outros. Ficamos presos às lágrimas dos nossos velhos, à tristeza que nos espera nas esquinas de cada felicidade, à confiança que perdemos – porque as mulheres ruins e os homens no geral fizeram com que a perdessemos.
Vivo na convicção que o destino não nos conduz a um fim, mas que garante que cada traição seja vingada. Solidão com solidão se há-de pagar. Não por maldade, sim por fatalismo. O casamento já pouco tem de sagrado, mas a Confiança é tudo. E mulher que tira isso a outra mulher não vale nada. Absolutamente nada.

2 comentários:

Maria disse...

Solidão com solidão se há-de pagar, pena que o amor nem sempre com amor se paga... E quando há uma mulher para impedir que outra seja paga com o mesmo amor que dá, então não é mulher... assim não pode ser chamada...

Um beijo

Yumi disse...

Adorei o texto, concordo totalmente.
E o blog é excelente!