10/09/2009

Cartas de Lisboa IX


Resumir o significado das coisas será sempre impossível, porque disso dependem as vezes que nos partiram ao meio, nos tiraram a virgindade às ideias, nos proibiram de ser completos. Não temos coragem de produzir mudança, não achamos bem desistir do que nos custou tanto a tornar firme. Somos nós que estamos em causa, no fim de contas. É tudo aquilo que aparentemente nos mantém à tona. Olho para trás e frequentemente tenho vontade de me ter mantido naive, uma eterna virgem sem pressa ou desilusões. Talvez assim o tempo passasse mais devagar. Talvez assim a distância entre nós e o chão fosse mais curta. Porque tudo é afinal uma questão de medo, se nos vamos ou não aguentar, se vamos ou não voltar a ser felizes.
Sei exactamente o que está certo, só não entendo porque tenho de o fazer. Não é de mim dobrar a própria vida em quatro e seguir em frente. Não é de mim ter coragem para devolver o respeito e a dignidade ao meu mundo. Não é de mim querer ficar sem ti. Ficar sozinha.

1 comentário:

Isabel disse...

(demolidor)

. abraço. do piano.