11/09/2008

Cartas de Coimbra XV



É preciso não dançar o I will survive para alguma coisa estar obviamente mal. O calor da bebida ja passou, mas tivemos tempo suficiente para fazer os disparates de sempre e de ouvir o que não quisemos de forma nenhuma ouvir. A noite aconteceu e são ainda onze e meia e eu só queria duvidar menos sobre tudo o que aconteceu hoje aqui. Só queria chorar menos com as coisas bonitas que nos dizem nas luzes alternadas do escuro. Só queria não ter de ir agora para casa, despedindo-me com a promessa de estar tudo bem. Só queria que os segredos que escondem de nós não nos mantivessem tanto assim, na expectativa de um dia acordarmos e não sabermos a quem devemos perguntar pelo que aconteceu na noite passada.
É preciso que de repente a música já não soe para perceber que as oportunidades são cada vez menos e voltar atrás impossível. Desprevenida e injustamente impossível. Não há mais cerveja na mesa, o álcool não chega para nenhum de nós. De outra forma, ele teria falado mais e eu teria ouvido menos. E talvez hoje ainda valesse a pena esquecer as boas histórias que se partilharam com os amigos. The good times are killing me, disse-me uma vez. E eu repeti baixinho para que ninguém ouvisse a voz que me vinha de dentro e me gritava por raiva. Bem vinda a Coimbra, pensei. Fechei a porta e dessa noite não restou sequer a ressaca. Apenas multidões de perguntas sobre o onde, o quando e o porquê de todas as coisas que nos foram acontencendo como consequências das nossas melhores intenções.

1 comentário:

tb disse...

Talvez porque crescemos e desaprendemos?! Talvez...
Ler-te é viajar pelo interior de cada um de nós e dos nossos dias. Esses de que falas.
beijinho