22/01/2008

"my own springtime"

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Olá a todos. Estive ausente e no entanto sempre aqui. Estive ausente e no entanto com as mãos sobre a teclas e a necessidade sobre as palavras. Estive ausente e sempre soube que um dia acabaria por voltar. Triste, claro está, mas sim, eu um dia acabaria por voltar. Depois de arrumar a minha vida, de encaixotar metade do passado, de arrefecer os ódios – e as paixões interditas também.
Desde então que aprendo todos os dias como se vive sozinha. Aprendo como se perde. Como se perde o melhor que se tinha e como se recomeça aparentemente com quase nada. E os recomeços não são fáceis, concordarão comigo. Os recomeços precisam que acertes o compasso com as novas pessoas com quem vais ter de viver de agora em diante. Os recomeços precisam que fiques feliz com as conquistas pequenas, com os gestos miúdos, com a presença mesmo que calada dos amigos que te sobram e dos que, aos poucos, vão confiando em ti.
No fim de tudo, sabes enfim que estiveste este tempo todo sozinha. E que não vais querer voltar a casa nunca mais, porque Lisboa, ou esse sítio de onde vieste, se revestiu de tristeza com tudo o que lá deixaste – ou com tudo o que lá perdeste. Não vais voltar porque a luz se apagou, porque aquela chama pequenina cá dentro, de tanto tremer, se apagou. Não vais voltar porque agora o simbolismo das coisas é outro. Não vais porque lá ficou talvez a melhor pessoa do mundo e com ela todas as noites no jardim e todos os beijos e todo um amor que parecia inesgotável.

Este blog foi feito em nome de alguém que sempre o mereceu até ao dia em que não soube explicar porque me deixava quando eu mais precisava dele. Até ao dia em que não soube dizer porque me deixava quando eu mais precisava de alguém. Desde o inicio, era o nome dele nos contornos de todas as dúvidas, de todos os dissabores, de todas as alegrias, que exprimi sempre com tanto medo para que não fossem efémeras. Mas agora tudo isso me morreu nas mãos, sobre as teclas, na distância que me faz detestar Lisboa e a saudade que ela deixou de trazer. Dá vontade de acreditar que todo este blog foi em vão. Os caprichos de uma poesia triste que chorava uma história de amor ainda mais triste. Não me quero lembrar do quanto fui feliz com ele, porque as vezes dou por mim a pensar que fora melhor não o ter conhecido. Não, não... a minha vida não era só ele. A minha vida continua a multiplicar destinos e a tentar existir no meio das outras. Mas a melhor pessoa do mundo cruzou-se comigo e disse que me amava. E depois tornamo-nos amantes incompatíveis sem paciência para a distancia ou para a vulnerabilidade dos destinos que se adiam. Mas, prometo-te, eu um dia hei-de ser feliz outra vez.
Com alguém que me ofereça flores.

7 comentários:

Anónimo disse...

:)

Beatriz disse...

Caro anónimo,
Agradeço o sorriso, mas um nome no sorriso tornaria esse sorriso francamente mais brilhante e eficaz.

:)

Andreia disse...

Tinha saudades de te ler... :) E sim, quem diz flores diz sol ;)

Beijinho!

José Pires F. disse...

E o caminho está aí, em frente, sem esquecer o que para trás ficou e aprendendo com a necessária distância.

Um abraço linda Beatriz, e… flores.

Raquel Costa disse...

Decidi passear por alguns blogs, gosto de o fazer... mas nunca nenhum me tocou tanto como o teu!
O que escreves-te deixou-me a tremer até agora... vivi, passei exactamente pelo mesmo... e em Lisboa...tremo ainda por me lembrar e ainda me magoar tanto o que passei...e tremo por saber que tu sofres-te a mesma desilusão, indignaçao, rancor, tristeza...
Os milhares de sitios, lugares encantados, recantos, restaurantes, cinemas, o Tejo, as ruas antigas e as histórias que lá fizemos, em Lisboa, onde a nossa história começou, se desenrolou e teve fim...ainda me custam...
Mas sabes, hoje que mais de meio ano passou, e sabendo que não é assim tanto tempo, olho para trás e vejo que as minhas lágrimas diárias secaram, o ódio que tanto queria sentir, nunca existiu nem vai existir, a rejeição que senti na pele e a falta de amor próprio que me invadiram passaram sem eu dar conta. Não consegui ainda matar a tentativa sempre frustrada de querer saber porquê. Porquê? Se foste tu que me quises-te? Porquê a tua conquista se no fim não sabes porque não a queres mais...porquê agora, que preciso de tanto de ti? Fartou-se! E quem se farta por fartar e quem se farta porque querer conhecer pessoas novas não merece nada mais!
No entanto, tive de voltar a Lisboa dois meses depois, foi dificil como tu de certo saberás, o meu dia-a-dia mudou drasticamente, chorei, e muito, mas os amigos são quem de melhor temos no mundo e sobrevivi, e hoje sou tão feliz como outrora fui, tenho uma vida nova tão plena como nunca imaginei conseguir, sinto que cresci, e sou muito mais forte, embora as marcas fiquem e não consiga confiar em ninguém de “mão beijada”, criei a carapaça que tu já terás certamente. Hoje lido com ele, dou-lhe a amizade que consigo dar, mas não o odeio, nem vou odiar, não consigo...vejo nele o rapaz simpático que antes via, a mesma imagem de menino timido e engraçado, mas que hoje não me cativa mais, que hoje me chama a atenção para coisas que antes nunca via nele (já não lhe vejo só qualidades). Um menino indeciso com muitas coisas, mas que há-de crescer e dar mais valor a quem tiver a seu lado um dia.
Recuperei da escuridão mais rápido do que algum dia pensei, porque a nossa força tornasse tão grande que ultrapassa qualquer um a grande velocidade mesmo sem perceberes. Ainda me dói, mas já não mata, pelo contrário tenho a cada dia mais vontade de viver.
Força! :)

V. disse...

tanta coisa teria a dizer e no entanto... saio em silêncio perante tamanha grandeza de sentimentos...

:)

um beijo enorme beatriz!

Filipa disse...

Querida Prima:

Bem, o teu comment não podia ser mais apropriado. Sim, muitas vezes vivemos um tempo de ausência, em que andamos um pouco c aquele espírito sebastianista, de que "ele vai aparecer num dia qualquer de nevoeiro"...Mas nao é ele que devemos esperar. Somos nós, é a nova concretizaçao pessoal enquanto pessoas, é a Beatriz jovem, rodeada de amigos,a crescer humana e intelectualmente, entre uma paisagem linda de morrer e o fado de coimbra a susurrar paixões ao ouvido. Nao percas as tuas ambições pessoais, muito menos os sonhos. E Lisboa não deixou de ser uma cidade linda, o cordão umbilical das tuas memórias,umas felizes, outras menos, a tua luz branca.
Agora tens de viver. Não penses muito sobre o que deixaste. Lembra-te que se for realmente importante não vai voar assim como uma andorinha tonta na Primavera.
O tempo tudo dirá. Limita-te a "voar" e a ser feliz.
Em breve vou-te visitar**

Mil rosas minha querida