16/07/2007

A precariedade e a validade do Mundo


A minha maior convicção é que serei sempre a única pessoa que me acompanhará a vida toda. E a precariedade e a validade de todas as outras pessoas é, não apenas uma resignação, como também um alívio e às vezes um desconcerto que me torna pequenina aos olhos do mundo. Eu não acredito no destino, como já o disse tantas vezes. Eu acredito em Deus, como tantas vezes o insinuei. E escrevo pelo prazer que é provar que, pelo menos disto, sou capaz.
Acredito simultaneamente que o mundo é pequeno demais para que as pessoas da nossa vida se percam impassivelmente de nós. Vivo nessa esperança acesa de que em qualquer esquina, em qualquer fila de supermercado ou em qualquer estação de metro esteja uma cara conhecida de outros tempos. A tua eventualmente.
É como aquelas estranhas coincidências que nos fazem esbarrar com o mesmo sujeito dias seguidos, como se nos andássemos a perseguir mutuamente. É o primeiro Olá que o sorriso de engate traduz, quando à tua volta tudo é som e música e tu o que queres é ser levada pelas estrelas. É o segundo olá quando de manhã acordas e ainda te lembras do que sonhaste. O terceiro, enquanto não tens lume para lhe dar; o quarto quando descobrem que o mundo é afinal um mundo de acasos e de coincidências que se encaixam na perfeição. Quando vocês dois foram feitos para trocarem esses olhares inflamados e seguirem destinos diferentes. E depois não serão precisos mais sorrisos. Chega-nos o rosto. A presença de um desejo que te tenta a seres infiel a ti própria.
Hoje acordei e o que eu mais queria era trair-te. Embarcar numa viagem bem rápida para me sentir bem comigo própria – quanto engano!, dirias tu. Mas é o que sinto. A falta das frases clichés, da troca de números de telefone, de cafés a serem prometidos e, um dia, para nosso desgosto, a serem cumpridos. A falta daquele bicho mau que é a vaidade, a luxúria disfarçada de carência.

5 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes há necessidade de sentir-mos coisas que pensávamos que já não nos valia de nada sentir.
A vida é assim , cheia de acasos , apenas temos de ser racionais.
Apenas racionais , e esquecer por vezes o coração.

não comento mais porque se não pareço um daqueles conselheiros sentimentais! XD

Beijinho

Mateso disse...

Simplesmene a vida! é tudo.. e nada.
Os anos dão-nos razões , os anos tiram-nos as esperanças, mas afinal, sempre vivemos
Bj.

Zenith disse...

Que belo fantasma que arrastas por aí...
Gostei quando disseste, e penso o mesmo: apesar de tudo, restamos sempre nós, e é connosco que dormimos e acordamos todos os dias.
Beijo

Eli disse...

eu não queria chamar de luxúria disfarçada de carência. eu queria poder dizer que isso é viver e sonhar todo dia. eu quero imaginar, agora, que é possível viver, sonhar e ser feliz, tudo ao mesmo tempo! :D

eyeshut disse...

os labirínticos caminhos da vida, à procura de nós mesmos e dos outros...*