29/07/2007


O que eu não contava era que tu um dia me viesses a amar assim. Tão veementemente. Eu sempre achei que ambos os dois amaríamos, por destino, com a indiferença dos homens lúcidos. Eu sempre achei que meditaríamos sobre todos os nossos passos em frente e sobre todos os nossos passos atrás. Eu sempre achei que nunca jamais te ouviria dizer as coisas que me dizes agora. Essas coisas que nunca se querem ouvir quando se ama de menos ou não se procura ser amado demais. O que eu sempre quis foi que me visses. Que entendesses e prolongasses este meu fascínio por ti. O que eu sempre quis foi que me soubesses dizer Não com o jeito autêntico dos egoístas e que me prendesses a ti pela ocasionalidade deste nosso segredo adiado.
O que eu sempre quis foi poder amar-te sem medo do tédio ou de um qualquer enfastiamento precoce. Sem medo dos teus olhos vidrados e das tuas mãos suadas. Sem cansaço para o teu peito, sempre necessitado de encosto. O que eu sempre quis, o que eu realmente sempre quis… foi que reparasses em mim. Que me visses quando passava por ti e combinava contigo um café para mais tarde. Quando me dizias que Não por mero desinteresse.
O que eu sempre quis e o que eu realmente queria… é que não tivessem havido momentos de solidão. Que tivesses notado mais vezes no meu penteado novo. Que me tivesses convidado para tomar café contigo todos os dias. O que eu realmente quis foi ter podido impressionar-te ao segundo ou terceiro sorriso.
Mas isso agora não tem volta. Aprendeste talvez o quanto custa amar sem retorno. Mas achaste por bem amares-me mesmo assim, de qualquer maneira. Perseguindo o meu rosto e os meus braços ainda brancos, contanto os minutos para que eu voltasse para ti, mesmo vinda do abraço de outro. Agora falas de um amor diário e com rotinas. Falas da necessidade de me ver. Falas de uma saudade que eu não sinto. Tu agora és diferente. E, curiosamente, eu também. Sou capaz de prender-te e, porém, de te deitar fora também.

10 comentários:

Filipe disse...

Será que ele ainda pode ser ensinado?
Bjs

R. disse...

Beatriz,um beijinho para ti..tens uma maneira de escrever especial,deve ser do sentir..

Anónimo disse...

Passei aqui mesmo por acaso, porque desde pequena que gosto muito da frase que meteste como titulo do teu blog (há um livro de alice vieira com esse nome!)!
e às vezes tb me apetece dizer que voei... :)
Mas o que me impressionou mesmo e o que me levou a deixar-te um cometario foi o modo como sinto o que escreveste neste post... nao me conseguiria exprimir melhor! Parabéns pela forma como escreves!
Beijinhos

eyeshut disse...

gostei muito...*

Zenith disse...

Quem escreve assim... Por vezes, passamos pela pessoa, talvez não a certa, mas a que tem a mesma frequência que nós... só que na altura errada.
Beijo
Gostei de ler-te.

Andreia disse...

O amor... às vezes acho que não mais é do que uma simples questão de circunstância e oportunidade...

Lindo. Um beijinho.

isabel mendes ferreira disse...

presa. bem presa. pela tua tão peculiar "forma" de te "escreveres".


beijo menina bonita.

Bruna Pereira Ferreira disse...

Belo encadeamento de palavras e verdades.

:)

Abssinto disse...

Como tudo muda. Imprevisíveis nós, tão fáceis de desatar.

bj

Anónimo disse...

acredito que o amor não termina enquanto não for vivido, mesmo que passem vidas