23/05/2010

Cartas de Coimbra XLIV

Nós perdemos sempre, amor. Perdemos sempre. Viajamos os dois em contra-corrente, com o metal dos comboios dissolvido nas veias e já não temos casa. Somos a casa um do outro e tomamos decisões para que isso nunca nos amarre. Vou viver para outro país porque te amo e quero que descubras tudo o que eventualmente há para além de nós. Eu sei que é o mais certo, mas tenho muito medo. Fecho os olhos e descubro os últimos três anos da minha vida, escondida contigo na sombra de mais um jardim de Lisboa. Ou de Coimbra. Ou a minha cama desfeita, amarfanhada, dividida em dois. Estou tão cansada. Tão cansada. Tirei-te a alma quando te disse que vou embora. E tu sentiste que eu morri nesse momento. Ainda custa a acreditar, mas não, nós não fomos feitos um para o outro.

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