06/05/2007

When "2 become 1"...


Fecho os olhos e sustenho tudo o que sou e devia ter tentado ser. Estás à distancia de uma mão cheia de improviso e de um abraço com que te digo tudo o que posso, excepto a verdade; essa verdade que não se diz nunca, resumida a sensações que não têm nunca tradução em palavras ou gestos. Como aquelas paixões miúdas com as quais contámos a vida toda porque jamais poderão ser mais do que isso. E um dia elas tornam-se realidade e tu persistes ainda numa distância que não podes negociar comigo. E nesse dia eu preciso de ti, como nunca alguma vez precisei de alguém, e tu estás longe: disperso numa imagem que guardo sobre o areal de um sonho, de um sonho onde sou eu e é ele, junto a mim, e tu perdido na hipótese de como teriam sido as coisas se fosses tu, e não ele.
Queria enfim dizer-te mais do que o que o bom-senso sugere. Numa carta aberta, sem o risco de mais um desencontro. E então contar-te que existem coisas que desejamos demais para que, de alguma forma, se realizem. E se tal acontecer, será afinal só mais um forma camuflada de nos roubarem os sonhos, as fantasias. E não importará afinal que a tua distância se conte em quilómetros, horas ou numa outra forma sobre a qual eu nada possa. Porque tens sido tão mais real no meu imaginário do que a mão dele no meu ombro e na minha vida. E talvez por isso não careças de sol, cuidado ou sedução. E se estás ou tiveste ausente, eu reparei. E é para ti que escrevo. Hoje e talvez desde sempre.
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29 de Dezembro de 2006

10 comentários:

borrowingme disse...

não sei o que dizer...
leste um post meu que se chama "so here we are"?
não devemos partlhar a vida com quem amamos e não por quem nos deixamos conquistar...
sou super dividida nesta questão
pois uma vez, alguém me disse
que nunca se fica com quem se realmente ama...
porquê?

Lord of Erewhon disse...

Amor, amor... sempre um tédio para a escrita.

A foto é excelente! Menos patético o amor transportado para o universo da fotografia e da pintura... mas, enfim, é sempre subjectivo.

Dark kiss.

Beatriz disse...

Caro Lord... pois é... eu sou assim, patética, entediante. Felizmente que não me dou ao luxo de escrever para o agradar.

Cara borrowing me,
Fizeste-me um acrescento com o teu comentário. Vou pensar nisso que dizes e talvez em algum momento tenha uma resposta. :)

A. Pinto Correia disse...

Só os sionhos são verdadeiros, Bea.
Ninguém os consegue roubar.
Beijinhos.

Anónimo disse...

"E nesse dia eu preciso de ti, como nunca alguma vez precisei de alguém, e tu estás longe: disperso numa imagem que guardo sobre o areal de um sonho, de um sonho onde sou eu e é ele, junto a mim, e tu perdido na hipótese de como teriam sido as coisas se fosses tu, e não ele."

Lindo!

R. disse...

Podem nos tirar tudo,menos esta capacidade que só os sonhadores mais crentes possuem!
Parece tão real as histórias que criamos,que por vezes tenho que(me)beliscar e lembrar que é apenas um sonho!


Bjinho

Anónimo disse...

Owww...

A presença que se perde no olhar mais se acha o sentimento...
E estranho desejar tanto uma coisa que sabemos que não será mais do que isso, mesmo assim continua, é como se fosse para completar nossa alma em pedaços... Uma força e motivo pra continuar em frente...
Tenho que ler seus outros post, tu tens uma forma de escrever tão linda (=

cuida-te
:*

Anónimo disse...

Belo texto!...

Letras de Babel disse...

estou frente a um espelho...

Felipe Valério disse...

Olá, Beatriz. Fico feliz em inaugurar minha leitura neste site justamente com letras que se unem no cativante afeto que nos disfarça. Gostei muito.