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Esta é a linha do entendimento que fazemos das coisas. Linear. Linearidade. Linearmente. Capazmente, com um inicio e um fim, não importa se partimos de A para B, ou de B para A.
É por isso que a matemática é importante para os que se preocupam com os pormenores. Porque matematicamente nenhum caminho é igual conforme a perspectiva que temos. Será sempre diferente, a paisagem, o módulo da força motriz que te empurra numa viagem de regresso, os custos do coração, a traumatologia de um sorriso captado cedo de mais. O que eu sei é que os felizes não concebem filosofias. Vivem-nas e melhoram-nas. Os felizes não escrevem poesia. Nem sequer má poesia. O que eu sei é que serei sempre incompleta: faltar-me-ão sempre a felicidade dos tontos ou as palavras dos lúcidos. As mãos cheias de tudo ou o medo de perde-las. Faltar-me-á sempre paixão pela vida ou a própria vida. Nunca terei as duas coisas em simultâneo. Nunca serei completa. Quer eu enviese pelos caminhos de sempre ou por novos destinos. Quer eu aprenda a amar-te como amam os tontos, quer eu te minta como mentem os lúcidos.Mas isso agora não importa. Não sei escrever-te com postulados lógicos para que depois possas deduzir que sou assim ou assado. Eu sou um emaranhado de sentimentos que se renovam de hora a hora, segundo o que a matemática e as circunstancias ditarem. Por isso preciso que me conquistes todos os dias. Preciso que sejas difícil. Um mistério que me afunda no calor mais ténue do mundo e que permanece insolúvel.
10 comentários:
"Os felizes não escrevem poesia"
Conheci uma vez alguém que me disse que depois de ser amado nunca mais tinha escrito um verso. Que deixara de fazer sentido...
Não sei se a matemática, em toda a sua grandeza, poderá alguma vez sistematizar os sentimentos, emaranhados e mutáveis como os descreves. O sentir é o dom de uma vida, e muito da sua arte e valor residem em transmiti-lo, não em ocultá-lo.
A felicidade talvez resida em procurar sem nunca encontrar verdadeiramente, em perseguir o mistério que nunca se resolve; irónico, não é?
Saberemos realmente quem é feliz?
Apresenta-me alguém que seja completo (seja lá o que isso for) e depois falamos, pode ser?
:D
Faltou-me um bocadinho assim...
Beijinhos*
"as mãos cheias de tudo ou o medo de perdê-las"
Sei que a vida é "uma mão cheia de nada e e oura de coisa nenhuma", mas para além de vazios e opacidades, existe, também,a lógica imuável da razão que nos impele sempre para o amanhã... na vã hipótese da busca da felicidade algures...
Bom, como sempre.
Bj.
Sim, acho que tens razão. A felicidade afasta a poesia... a capacidade de escrita... :)
...........
Um beijinho!
A matemática não é metafísica... mede o mundo, mas nada pode dizer da alma humana... Por outro lado, são os que anseiam a felicidade que fazem a filosofia e a poesia.
Dark kiss.
Vontade de cantar com o outro "Quem me diz onde é a estrada?"
bj
Gosto da frase ali ao lado... :)
Beijinhos*
"matematicamente nenhum caminho é igual conforme a perspectiva que temos";
A matemática é uma invenção das pessoas. Será também a felicidade uma invenção?
"Os felizes não escrevem poesia. Nem sequer má poesia."
Se estou feliz não escrevo poesia, mas a poesia não dá felicidade aos que a escrevem?
"O que eu sei é que serei sempre incompleta"
Se me sinto imcompleto é porque já me senti completo, cheio de qualquer coisa. Então não serei sempre imcompleto. Serei umas vezes incompleto e outras completo. Como as ondas numa praia que ora se chegam, ora se afastam e que no entanto fazem parte da manifestação do imenso mar. ;)
somos um emaranhado de mundos à procura de nós...
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