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Sabes o que sobrou? Esse ultimo olhar que me deixaste, que demorou mais que o habitual e que por isso eu soube que era o último. Por causa dele, sinto que sou a mais miserável das raparigas que hoje sobrevive à roda-viva deste amor de olhares e desencontros. Mergulho-me no abismo que é segurar o corpo sobre a cidade e ver Lisboa inteira a chamar por mim. E nestes dias, em que sou a mais miserável das raparigas a sobreviver à roda-viva deste amor, a cidade esgota-se, Lisboa é um imenso vazio de gente e o que sobrou fui eu.
Dou as mãos a quem encontro livre para me as dar também, que por norma sou eu própria, ainda que às vezes a necessidade de um abraço se imponha primeiro e o que sobra então não sou eu, mas as minhas mãos vazias. E depois as mãos seguram-se ao corrimão das escadas e o corpo desce de olhos fechados até perceber que não consegue ir mais longe. Porque caiu. É então que os olhos se abrem e o olhar avança sozinho. Procura uma ponta de céu onde voem vontades, mas toda a gente sabe que nas ruas escuras de Lisboa o céu fica longe demais, à distância de uma mão cheia de tudo e de um corpo erguido. Por isso, não sou eu afinal que sobro, mas as minhas mãos vazias, o meu corpo caído e os meus olhos fechados. Tudo porque hoje sou a mais miserável das raparigas que sobrevive à roda-viva deste amor de olhares e desencontros, enquanto tu me olhas e dizes tudo com a demora desse último olhar.
Dou as mãos a quem encontro livre para me as dar também, que por norma sou eu própria, ainda que às vezes a necessidade de um abraço se imponha primeiro e o que sobra então não sou eu, mas as minhas mãos vazias. E depois as mãos seguram-se ao corrimão das escadas e o corpo desce de olhos fechados até perceber que não consegue ir mais longe. Porque caiu. É então que os olhos se abrem e o olhar avança sozinho. Procura uma ponta de céu onde voem vontades, mas toda a gente sabe que nas ruas escuras de Lisboa o céu fica longe demais, à distância de uma mão cheia de tudo e de um corpo erguido. Por isso, não sou eu afinal que sobro, mas as minhas mãos vazias, o meu corpo caído e os meus olhos fechados. Tudo porque hoje sou a mais miserável das raparigas que sobrevive à roda-viva deste amor de olhares e desencontros, enquanto tu me olhas e dizes tudo com a demora desse último olhar.
8 comentários:
Lindissimo.
As melhoras Bea...
Beijinho
delicia de blog! muito bom!
Injusto Bi?
Surpreendente Bi?
...pois.
Miserável? Assim... repentinamente?
(sempre gostei do "viva forever")
Um dia destes, [ já há algum tempo atrás, agora que penso nisso... ] andava eu pelas ruas do Porto, a sentir-me uma das raparigas mais miseráveis que sobrevivia à roda-viva de um amor de desencontros, quando alguém, sem dizer nada, se chegou à minha beira e ofereceu um abraço. Depois disse: este é totalmente grátis. Sorriu e foi embora. Surpreendente? Talvez. E isto é verídico. Basta um gesto para deixarmos de nos sentir tão miseráveis. E aquele abraço salvou-me o dia. Mesmo sem querer dizer nada. Hoje, espero, que estas palavras te salvem o dia também. Ainda que acredite que muito do que aqui escreves é ficcionado, pedaços de vidas reais que vais juntando todos os dias... :)
Beijinhos*
Nunca é tarde para roubar um sorriso... :p
E também sempre gostei do Viva Forever, confesso! ;)
Vanessa,
Já tinha ouvido falar do fenómeno dos abraços grátis que anualmente ocorre no Porto. E o que eu senti foi (mais uma vez lol) uma tremenda inveja.
O que escrevo é sim um ajuntamento de vidas reais. Um emaranhado de ficcção com muita retórica à mistura. Mas é onde me revejo nos últimos dias. É uma ficção que acompanha o meu estado de espirito e as minhas queixas do mundo real. Que têm contornos francamente nítidos, mas que eu tendo a ampliar (como quem diz, a exagerar).
Obrigada por me teres vindo sorrir. Faz realmente toda a diferença :)
Ao Pedro, Ao Cristiano,
Obrigado pela visita
Ao Corvo,
Seja bem regressado.
um abraço.
não voes.
para longe.
voa alto e ao perto.
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um beijo B.
Adorei... Opá, opá!
bj
"Quem me leva os meus fantasmas
E me diz onde é a estrada..."
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