17/12/2013

Cartas do Brasil

Eu estava apaixonada quando naquele dia 13 o avião atrasou duas horas. Viajava há 15 dias pelo Brasil - tive chuva, tive sol, linhas de comboio cortadas, pão de queijo e cachaça mineira. E então era dia 13 e eu estava apaixonada por um homem que conhecera 3 anos antes e que vira 3 vezes na vida. Gosto de acreditar que foi por outra razão que cheguei a SP  naquele dia. Que é por outra razão que contei os dias e contei as horas desta forma. Que desejei que o tempo não nos adiasse mais, que desejei que o tempo congelasse naquela minha última noite em SP.
Todos disseram que não haveria amor em SP, e eu vim mesmo assim. Tudo foi verdade - por isso acordamos como dois estranhos. Talvez lamente tudo isto. Talvez um dia lamente tudo isto. A vila, o samba, a Paulista. A gente deu aquele último beijo sem graça; sentiamos que encerrávamos a nossa história que nunca foi o que fizemos por ela. Apesar de tudo, com 24 anos, fiz as malas e amei um paulista por 3 dias que demoraram minutos, com a certeza de que não nos veriamos nunca mais. Bebemos aquele tanto, ouvi Samba noite dentro, dormi com Maria Betânia, despedi-me com Gonzaguinha. Diria mesmo que tenho inveja da vida que tive. Ainda que nunca tenha havido amor em SP.