26/05/2011

Cartas de Lille XXI



So I'm waiting for this test to end So these lighter days can soon begin I'll be alone but maybe more carefree Like a kite that floats so effortlessly I was afraid to be alone Now I'm scared thats how I'd like to be All these faces none the same How can there be so many personalities So many lifeless empty hands So many hearts in great demand And now my sorrow seems so far away Until I'm taken by these bolts of pain But I turn them off and tuck them away 'till these rainy days that make them stay And then I'll cry so hard to these sad songs And the words still ring, once here now gone And they echo through my head everyday And I dont think they'll ever go away Just like thinking of your childhood home But we cant go back we're on our own Oh, But i'm about to give this one more shot And find it in myself I'll find it in myself

So were speeding towards that time of year To the day that marks that you're not here And i think I'll want to be alone So please understand if I dont answer the phone I'll just sit and stare at my deep blue walls Until I can see nothing at all Only particles some fast some slow All my eyes can see is all I know Ohh.. But I'm about to give this one more shot And find it in myself I'll find it in myself



11/05/2011

Cartas de Lille XX

Amar-te terá sempre o desfecho sensato de quem já sentiu isto antes. Entregar-me de novo ao sono e rever uma e outra vez aquela mesma porta de entrada, aqueles mesmos passos de dança que nos levariam impossivelmente ao mesmo lugar. Quero deixar-te seguir a tua vida, mas tenho-te caprichosamente debaixo da pele. Não me adianta mais fugir, fingir a postura ou a indiferença. Lembro-me bem demais do teu cheiro e isso basta.
E, feitas as contas, ambos sabemos quão desonesta sou em pedir-te um último abraço. Eu quero-te inteiro, num impulso nocturno e sincero, que fala da vertigem que é ainda pensar em ti e no turbilhão de imagens que criámos juntos. Porque eu sempre soube que aquela última madrugada me traria presa para o resto da vida. Ou talvez presa já eu estivesse e apenas não to pudesse dizer.
Seremos sempre o paradoxo dos problemas que não existem por lhe termos esgotado todas as soluções. Mas, dizias tu, ninguém se rala.

06/05/2011

Cartas de Lille XIX

De alguma maneira, sei que já aqui estive. Este limbo, já sem piada nenhuma, que me mantém suspensa nas retóricas dos meus 15 anos. Eu tinha medo de ser sozinha e secretamente sabia que ia ser assim. A sábia paciência de encontrar o quanto O quero, no tanto que preciso dEle. Os baldes de água fria, a escorregarem-nos pelas costas hirtas, pela boca entreaberta de susto, pelos punhos inertes e fechados.
Depois dos 20, o pai passou a dizer-me que não devia voltar nunca mais aos sítios onde fui feliz. E eu... eu entretinha-me a esmiuçar a vida, a conta-la pelos dedos das mãos, e percebia, enfim, que não devia voltar nunca mais aos homens que me fizeram feliz. E eu dizia: não, pai, deixa-me ir, deixa-me cuidar deste meu mundo cão, destes homens repetidos que me trocam o coração por um maço de tabaco, que atravessam o oceano esquecidos de mim, que me conquistam os sonhos por tuta e meia. E assim me fazia mulher, pensava. Assim me esquecia da minha pequenez e brincava com o fogo, tal bonecas: nome, idade, passado e destino. De repente, são de novo 5h da manhã e eu sou de novo eu, aterrada de medo, dobrada sobre falsas memórias que nunca foram nossas. Tão certo como uso os dias para dormir e as noites para chorar. Mas por favor, não digas a ninguém.

01/05/2011

Cartas de Lille XVIII

Só queria dizer que trago comigo vida para lá do que tu alguma vez poderás imaginar. Que não sou capaz de voltar ao início, porque trago comigo paixões e desgostos que tu nunca poderás compensar. Que tu nunca poderás respeitar.

Só queria dizer que em mim há pouco mais que o sabor metálico das viagens e isso consola-me. Consola-me porque vejo nos outros uma multidão de partida, uma multidão que, como eu, estará sempre, sempre de partida.

A verdade é mesmo assim, sabes? Essa verdade que não admites – a verdade que ele não admite. Eu estarei sempre de partida. Feita em cacos, na penúria de uma memória que insiste em revê-lo, em acordes já sem brilho, em guitarras sem charme. Já não se trata de amar ao desbarato, sem travão. Trata-se de fugir. Trata-se de não conseguir ficar. De não conseguir olhar para ele, nem para ti, e achar que o glamour dos vinte anos me escorregou deliberadamente das mãos. Que fiz as escolhas de ocasião por mera estupidez. Porque não fiz. Fi-lo com a sensatez dos velhos, que olham para trás e sabem que a inconsequência e o exagero aconteceram no tempo devido.

E depois, em mim sobra apenas a gestão dos que vão e das marcas que deixam; dos que desapareceram um dia, no ar, sem morada ou rasto. Em mim sobraram os que não me dão consolo porque, de repente, Coimbra se tornou um labirinto sem graça, onde os vícios se repetem indefinidamente, e onde eu não tenho, nem nunca tive, um mero lugar.

Aqui, a solidão é uma ressaca de dois dias. Aí, a solidão acorda comigo todas as manhãs e não há maquilhagem que a esconda. Acordar novamente com o desconcerto de estar longe – e ao mesmo tempo, tão estupidamente perto... lamento, mas não importa quanto me pregues, tenho o coração em permanente fuga.